28.9.08

Cais (carta)


Espero-te no meu cais, vestido a rigor,
de verde mar incendiado,
de anil cor do fogo que aquela água apaga.
Imagino que tu vens vestida de névoa cambraia
Sem rosto, sem mosto,
apenas com o sabor a mel selvagem
que a abelha mais obreira do teu recanto
foi capaz de retirar da mais doce aragem,
feito do ar puro que de ti brota,
que em mim repousa...
Não sei se vens por bem,
Se vens por mal entendidos.
Só me resta esperar
o imponderável,
o cheiro a livros e a casa de bonecas,
a sombra da alfazema e da madressilva,
a barca que me há-de fazer chegar notícias de ti.
Estou aqui sentado na madeira do cais.
Só para que conste, não saio daqui sem tu chegares,
mesmo que nunca chegues a chegar...

5 comentários:

Anónimo disse...

E não seria possível ler isto na Gala? Não será - penso eu - de um dos premiados?

alfazema disse...

Sim
É de um dos premiados.
E é lindo, muito lindo, mas na gala, temos já um texto de paresentação que juntamente com a conversa que se vai ter com o premiado preenche o tempo atribuido a gada galardoado.
Diga-me no entanto em que contexto gostaria que este texto fosse lido.

alfazema disse...

que um milenar raio de sol consiga perfurar a mais fofa das nuvens e te beije a cara num gesto fraternal, quanto natural.

Alexandre disse...

Este é o cais perfeito! O cais onde eu gostaria de embarcar e... desembarcar!

Anónimo disse...

Moi aussi....