11.7.13

Viver no Campo



Há uma doce nostalgia nas pequenas coisas da terra.
Há um véu tímido de neblina matinal.
As gotas de orvalho escorrem pelos vidros das janelas. Lá fora cheira a pão cozido e os galos desafiam-se para nos darem os bons dias, qual despertadores.
Ouvem-se os passarinhos, os cães das casas dispersas e algumas galinhas da vizinhança. Gosto desta pacatez... da sensação de desafogo que me proporciona!
Gosto de colher as alfaces que cumpriram o seu dever. É só arrancar...passar por água, temperar com um fio de azeite, vinagre, coentros e acompanhar o jantar.
Ao fim da tarde cheira a lume, podemos ver o fumo a sair de cada chaminé. São as casas que começam a ser aquecidas para enfrentar mais uma noite gelada.
A magnólia já está em flor a salpicar de branco a entrada do alpendre.
Os vizinhos batem à porta para nos oferecerem produtos do fumeiro e da horta e darem permissão para lá irmos sempre que precisarmos.
Não há nada como viver no campo e conviver com a natureza. Comer fruta diretamente da árvore sem receio de químicos, acordar com o silêncio profundo das manhãs de neve, adiar a hora de jantar para assistir a um espectáculo de relâmpagos, sentados no jardim, ou embrulharmo-nos em sacos-camas para numa noite de Inverno ficar a contar estrelas cadentes, apontando constelações num céu limpo e um ar liberto de poluição sonora.





6.7.13

Envelhecer


 













Tidos necessariamente como mais sabedores, os mais velhos representam uma experiência maior e merecida, cultivada com a sabedoria que só a vida lhes pode dar.
Ao envelhecer vai-se sabendo que a vida pode não ser sempre justa mas que vale sempre a pena ser vivida.
Percebemos também que a vida é curta demais  para a desperdiçarmos com zangas, ódios, rancores e azedumes e que temos que fazer as pazes com o passado para que ele não atrapalhe o futuro.
Compreendemos também que não temos de ganhar sempre e que o consenso é muito mais frutífero que a rutura.
Envelhecer é perceber que tudo pode mudar num abrir e fechar de olhos, mas também sabemos que tudo o que não nos mata nos torna realmente mais fortes.
“A cada dia que passa mais me convenço que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos ao sofrimento perdemos também a felicidade” Drumond de Andrade.
Ou, como diria o meu amigo Pedro Barroso, no fundo, bem no fundo - velha é a terra, a história, a humanidade - .
Uma coisa é certa, no dia em que me sentir triste por não conseguir acompanhar o ritmo da música, farei com que a música siga o compasso dos meus passos. Afinal, é só mais uma fase da vida e eu quero ter a certeza de que a minha  valeu a pena e que fiz e faço o melhor que posso.