9.2.13





A Ternura
“Por um pouco de ternura…”, cantava Jacques Brel.
“Aquilo de que cada ser humano mais fome tem,  (e para o qual menos alimento encontra) é a ternura”, escreveu Françoise  Sagan.
Não há dúvida que a ternura é um estado de alma que nos transmite uma tranquilidade sem limites.
Acho que devíamos investir na ternura não só porque ela pode tornar a vida mais leve neste pesado cinzentismo em que nos encontramos, mas também porque quem é terno atrai ternura.
Os fabricantes de armas podiam fabricar armas de ternura. A publicidade podia usar a ternura como factor principal.
Recuso-me a carregar um deficit de afeto, carinho e TERNURA,  responsável, ao que parece, por grande parte de doenças que por vezes insistimos, em vão, tratar com remédios.
Conta-me o MEU médico que uma doente lhe entrou um dia pelo consultório e disse com lágrimas nos olhos :
 - É de um olhar que preciso, doutor.
Poucas são, no entanto, as pessoas capazes de desencadear afetos. Nem acho que as pessoas bonitas sejam mais facilmente gostáveis do que as que o não são, porque a ternura está no olhar, no falar, no abraçar  e até no criticar.
A nossa cultura não favorece as carícias, mas nós podemos fazer por isso. Eu dispenso o formal e distante aperto de mão por um beijinho e acreditem que se pudesse, havia de inscrever a ternura na nossa Constituição.

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